segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Embriaguem-se

É preciso estar sempre embriagado.
Aí está: eis a única questão.
Para não sentirem o fardo  horrível do
tempo que verga e inclina para a terra, é
preciso que se embriaguem sem descanso.

Com quê? Com vinho, poesia ou virtudes, a
escolher  .  Mas embriaguem-se.

E se, porventura, nos degraus de um palácio,
sobre a relva verde de um fosso, na solidão
morna do quarto, a embriaguez diminuir ou
desaparecer quando você acordar, pergunte ao
vento, à vaga; à estrela; ao pássaro, ao relógio, a
tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a
tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que
horas são; e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o
relógio responderão:”É hora de
embriagar-se !  Para não serem os escravos
martirizados do Tempo, embriaguem-se ;
embriaguem-se sem descanso”. Com vinho,
poesia ou virtude, a escolher.

                                   Walt Whitman

Fotografia de Maria Andersen

Sem comentários:

Enviar um comentário