terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Língua no interior da pedra






Estou deitada no campo do pensamento,
numa espécie de deslumbre.

As vezes lavramos de ternura a vida
- é tão profundo entrar no sorriso,
& trazer os olhos cheios de alaúdes
no sitio exacto onde se deita a solidão

sou tantas vezes      uma selva inteligente

disfarçada de montanha & de paixão

ventre nu      chamando a língua no vício das palavras
matéria de mar em êxtase           no fogo do meio dia
corpo inteiro nesse movimento
& a boca mendiga & sedenta da tua
na febre do orgasmo                do suor                     do tacto
ramo de veias                 candelabro aceso onde nascem aves
             & pálpebras
                                & seda
                                           & línguas no interior da pedra
dos ombros onde se rasga a pressa

o grito                   o corpo                      o movimento inteiro


                                      

                                                                            Maria Andersen

1 comentário:

  1. sou tantas vezes uma selva inteligente

    disfarçada de montanha & de paixão

    Essa selva que se alimenta a ela própria, que cria as suas águas, as suas seivas, que na clorofila ama, para de noite nos beber, nos embalar nas lianas de lua cheia, montanhas de silêncios verdes, adormecem os gritos de carne em espasmos de ternura.

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