sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Neste desvelo da noite

É nos teus olhos que se desatam os ventos
fragrâncias  que a noite estende para o dia
quando cresce desvairado  o olhar
nesse insólito ninho
onde nasce a minha sede de beber-te
espaço pressentido  dos teus dedos
grinalda   sossego              onde se fundem as almas
art-(i)-manha  das horas            neste dilúvio de letras
pólen  dos séculos                 em que me propago 
 ar em que me sentes                inteira
pálpebras abertas  pela noite -          insónia
dos meus olhos          flor rainha onde se esculpe m
as formas que ondulam         onde as palavras queimam 
nas tuas mãos coroadas de êxtase

clássicas parábolas  urdindo leis  pelo tempo
em que defraudo o coração
na língua – gem remota dos poetas
táctil ternura      tua presença
silabada agora  no alfabeto do poema
luz milenar  dos sóis        dentro do  olhar
onde tu cais  inteiro e súbito
na pele em que atravessa toda a memória 
por esse eixo do silêncio que nos escuta
bocas de tantas vidas   nos mesmos rostos
éden de nossas bocas      meu leme
a paisagem como um verso do saltério
de ardor  & eternidade
pianos tocando as fundas melodias
triunfo dos corpos                   nessa dança
cúpula de sóis             neste desvelo da noite
recinto do peito onde nascemos
nesse lógos  pulsar do prodígio
boca cosmos arrebatada              abrindo-se à imensidão
e aves a nascer em nós         fusão dos mundos
nesta          outra          infância
da vida inteira que se  ergue  geográfica  ao encontro do dia


Desenho(a carvão) e poema da autoria de Maria Andersen

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