segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

línguas à proa das palavras




deixaram nas ilhas um legados de gestos
línguas à proa das palavras
nomes nas frontes                        
plantações de olhos nas planícies
trouxeram lendas  infantes       
rebeldes  proscritos  & mares por descobrir
contrabandistas de sílabas 
searas de homens bandeiras tristes
& a terra como  um corpo   
que os deuses  esqueceram à sombra de uma palmeira
os olhos que  crescem nas vagas das horas
o tempo uma trança de veias
o ventre prenhe de assombros
& a vida mais demorada que nunca
neste torpor da brisa
o nome das coisas que aprendi contigo
& o amor  que nunca se repete
 como uma noite de verão
onde  os mendigos dormem
como pedras à beira dos caminhos
o tempo materno 
o sonho  vigília
o riso infância
& eu  sentada a beber   sóis
à mesa  do poema
os passos  que o própria sombra marca
o selo
a boca entreaberta à porta dos teus olhos
o sândalo que entra  nesse equilíbrio precário
a noite toda ao meu lado
& eu    vertigem  &  voz clandestina

maria andersen

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