sexta-feira, 13 de julho de 2012

aqui descem as pálpebras como jangadas



se aqui descem as pálpebras como jangadas
as aves descem às horas pelas janelas
as bicicletas passeiam pelas águas onde a língua é ferocidade do mar

onde se apregoam todas as danças
o tacto no sol da clave
o guiso no riso da criança

o gato enrolado na sua estranha distracção
a porta do  livro por onde  vou
a lua como bolha de ar dentro dos amantes
a madrepérola esquecida na calçada
as romãs na quinta dinastia
o moinho onde as rosas nascem
a terra como veia aberta
a fuligem das rodas entre os dedos
as silvas na orla do vento
o atestado de decadência nas laranjas
a droga das palavras entre os lábios
os pensamentos como novelo
no  deserto cheio de emaranhados
a pulga da silaba no objecto do desejo
a lupa à vista de nada  



1 comentário:

  1. Quero que esta sexta-feira, dia 13, não acabe nunca, para ler mais poemas assim.
    Obrigado, MariaA. :)

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