Sangue dentro do sangue
clandestino sentido da voz
o tempo de um poema
que me fustiga a alma
espelho que os dias me oferecem tão cheio de palavras –
esta imanência oculta do grito que eu respiro
& esta inquietude que vem como um manto
onde me afundo a ascendo
nos meus olhos interiores & absortos
& a alvura do verbo como um corcel
ai o estrondo do tempo implacável
as amendoeiras em flor & inocentes
sobre o mês onde o âmbar se prolonga
& as tuas mãos com aroma a cigarro
& os violinos que oiço por esta hora tão breve
em que demoras & estás & te deténs
as paredes
só as paredes do interior do tempo sabem de nós –
diamante que em nossos olhos trazemos guardado
pelas linhas deste verso em que atravesso
esse
ele
tempo
como o uivo dos séculos
ai as veias como queimam nesta tarde
& a chave deste mar ignoto encerrado em mim
quem a tem?
tu
língua
nosso pedaço de céu
esse horizonte em que te ergues & me ergo
ao suplicio do amor
ah sigiloso sentir
sangue dentro do sangue
minha gota de impulso que corre secretamente para ti
mas esse é o gume que me volteia de fogo
ai espada desta telúrica matéria
frágil matéria / matéria mater .
firmamento do ser
em somos
só eu
só tu
sangue dentro do sangue
Maria Andersen
Maria Andersen
Grande poetisa.
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