a voz é um espelho fundo de palavras. o riso um campo arremessado da infância e as laranjas sóis que ainda me alimentam os olhos. corro pelas encostas da alma a dar leveza ao corpo onde me gero. trago nos dedos cinzéis afivelados às letras e os pés navegantes na agudeza das páginas pelo banco da memória onde frios nos albergamos aos colarinhos das impressões. tenho este furor de ir pelos caminhos ainda por abrir, deixo neles parques imensos, clareiras de sentidos, onde tão poucos sabem ir. tenho esta loucura de viver os interstícios do tempo todos dentro de mim. singram-me nas mãos exércitos de palavras onde o tempo é um mendigo deitado sobre os beirais a esconder-se entre o espanto onde me perpétuo à raiz do que digo. tudo isto é uma ocupação habitada de irremediáveis marés . tantos filmes nos circulam pelos olhos, tantas suburbanas vozes num monólogo de coisas inúteis , poemas interditos entre uma dúzia de letras. nem todo o azul é céu. nem toda a voz é apelo ou canto ou indomável abandono. contigo vou à mesma hora aprender o lirismo das ruas calcetadas de lua e sobra-nos prazo ao tempo destas palavras em que o digo. é este o transito do texto, as perguntas a que não respondo pondo vírgulas na epiderme do gesto que só a ti levo. estamos sempre entre duas entradas e duas saídas franjadas de nós.
maria andersen
*( Eduardo Pitta)
"...tenho este furor de ir pelos caminhos ainda por abrir, deixo neles parques imensos, clareiras de sentidos, onde tão poucos sabem ir. tenho esta loucura de viver os interstícios do tempo..." (Maria Andersen)
ResponderEliminar"Pode trocar o rotulo,
pois já reconheço seu conteúdo."
Hermit