moreia do tempo em que estiolo
sobre esse azul a que me recuso
leis a contra gosto como um restolho antigo
o dia memória - uma manta estendida ao sol
a luz pendurada à porta do tempo a boca intacta
pássaro & meia dúzia de linhas diante do caminho
& o olhar que se cruza na palma das mãos
frases imediatas que escrevo pela eterna inutilidade dos que só dizem
letras como silhuetas num patchwork de vozes
sobre a alma com palavras em debrum
as horas cajadadas aos ombros
num prêt-a-age a tropeçar no pós moderno
o resto - um vagabundo pelas ruas em desalinho
gritos de glam rock - gestos anteriores a nós
poemas underground - anos emurchecidos
poemas sem preconceitos - rappers em cada esquina
cigarros entre os dedos – as bocas tristes
paredes brancas como náuseas
& muros new look às horas em que as palavras contestam
violinos & tachas cravadas na pele a cair no limiar do sangue
o corpo afivelado a ti nesse vício crepuscular
- a fome onde tudo deflagra sempre à mesma hora
couture à deriva & filósofos pelas ruas com livros de caxemira rota
slogans “ faça você mesmo” a oriente dos sentidos
o alvo que sobra aos atilhos a espartar o lirismo
o techno romance pop & o acto de nascer
a guerra dentro da paz à deriva
esboço de poeiras em que se adormece
labirinto onde as cidades se reúnem à mesma distância
étnica compilação das matérias no fio da navalha
begónias entre os sexos em transito - paixões por repetir
forma in colour de interpelar os tempos
publishers que nos confundem à boca dos canhões
& eu na lonjura do tempo filha de mil almas
neste lugar de ninguém & em contra corrente
maria andersen
maria andersen
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