deixaram nas ilhas um legados de gestos
línguas à proa das palavras
nomes nas frontes
plantações de olhos nas planícies
trouxeram lendas infantes
rebeldes proscritos & mares por descobrir
contrabandistas de sílabas
searas de homens bandeiras tristes
& a terra como um corpo
que os deuses esqueceram à sombra de uma palmeira
os olhos que crescem nas vagas das horas
o tempo uma trança de veias
o ventre prenhe de assombros
& a vida mais demorada que nunca
neste torpor da brisa
o nome das coisas que aprendi contigo
& o amor que nunca se repete
como uma noite de verão
onde os mendigos dormem
como pedras à beira dos caminhos
o tempo materno
o sonho vigília
o riso infância
& eu sentada a beber sóis
à mesa do poema
os passos que o própria sombra marca
o selo
a boca entreaberta à porta dos teus olhos
o sândalo que entra nesse equilíbrio precário
a noite toda ao meu lado
& eu vertigem & voz clandestina
maria andersen
mag.ní.fi.co
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