sábado, 28 de janeiro de 2012

o corpo afivelado a ti nesse vício crepuscular - a fome onde tudo deflagra sempre à mesma hora






moreia  do tempo  em que estiolo
sobre esse azul a que me recuso
leis  a contra gosto como um restolho antigo
o dia  memória  - uma manta estendida ao sol
a luz pendurada à porta  do tempo  a boca intacta
pássaro  &  meia dúzia de linhas diante do caminho
& o olhar que se cruza  na palma das mãos
frases imediatas que escrevo pela eterna inutilidade dos que só dizem  
letras como silhuetas num patchwork de vozes
 sobre a alma com palavras em debrum
as horas  cajadadas aos ombros
num prêt-a-age a tropeçar  no pós moderno
 o resto  - um vagabundo   pelas ruas em desalinho
 gritos de glam rock   -  gestos anteriores a nós
poemas underground   -  anos emurchecidos
poemas sem preconceitos  - rappers em cada esquina
cigarros entre os dedos –  as bocas tristes
 paredes  brancas  como náuseas
&  muros new look  às  horas em que as palavras contestam
 violinos & tachas   cravadas na pele a cair no limiar do sangue
o corpo afivelado a ti nesse vício crepuscular  
- a fome onde tudo deflagra sempre à mesma hora
couture  à deriva & filósofos   pelas  ruas  com  livros de caxemira rota
slogans “ faça você mesmo” a oriente dos sentidos
o alvo que sobra  aos atilhos a espartar  o lirismo
 o techno romance pop & o acto de nascer
a guerra dentro da paz  à deriva
 esboço de poeiras em que se adormece
labirinto onde as cidades se reúnem à mesma distância   
étnica compilação das matérias  no fio da navalha
 begónias entre os sexos em transito - paixões por repetir
forma  in colour de interpelar os tempos
publishers que nos confundem à boca dos canhões
& eu na lonjura do tempo  filha de mil almas
neste lugar de ninguém  &  em contra corrente


maria andersen 


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