sou esta sendo algo mais que não sei dizer
trago palavras no olhos penduradas
à luz de qualquer vento
é tarde - e as horas são um colar ao redor da vida
feito de pedraria que se quebra contra os dedos –
o tempo corre sem ter pernas
como corre a serpente agarrada à terra
carpindo mágoas – ao redor da cabeça
como estrelas rotas a verter luz
sou isto
& aquilo que aperto dentro da boca
nessa dança louca à flor da pele
onde as águas agonizam presas ao ventre –
tenho nos olhos brisas reunidas
nas veias poemas a arderem como candeias –
inquietas rosas nas línguas que a sede gera
& mordo a seiva em que se desfaz a solidão
& os dedos secam como se estivessem tristes
como se os braços doessem de me apertar o peito
& são estas coisa vivas & mortas
que me amordaçam em plena rua de mim mesma
quebra-se o pensamento quando o cão ladra
a tarde ergue-se em repouso no cabelo
onde as luas adormecem
maria andersen
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