quinta-feira, 8 de setembro de 2011

trago palavras no olhos penduradas à luz de qualquer vento



 
sou esta sendo algo mais que não sei dizer 
trago palavras no olhos penduradas
 à luz de qualquer vento
é tarde -  e as horas são um colar ao redor da vida
feito de pedraria que se quebra contra os dedos –
o tempo corre sem ter pernas
como corre a serpente agarrada à terra
carpindo mágoas – ao redor da cabeça
como estrelas rotas a verter  luz
sou isto
&  aquilo que aperto dentro da boca
nessa dança louca à flor da pele
onde as águas agonizam presas ao ventre –
tenho nos olhos brisas reunidas
nas veias poemas a arderem  como candeias –
inquietas rosas nas línguas que a sede gera
& mordo a seiva em que se desfaz a solidão
& os dedos secam  como se estivessem tristes
como se os braços doessem de me apertar o peito
& são estas coisa vivas & mortas
que me amordaçam em plena rua de mim mesma


quebra-se o pensamento quando o cão ladra
a tarde  ergue-se em repouso no cabelo
onde as luas adormecem


maria andersen

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