quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

sangue dentro do sangue



Sangue dentro do sangue
clandestino sentido da voz
o tempo de um poema
que me fustiga a alma

espelho que os dias me oferecem tão cheio de palavras –
esta imanência oculta do grito que eu respiro
& esta inquietude que vem como um manto
onde me afundo a ascendo
nos meus olhos interiores &  absortos
& a alvura do verbo como um corcel

ai o estrondo do tempo implacável
as amendoeiras em flor  & inocentes
sobre o mês onde o âmbar se prolonga
& as tuas mãos com aroma a cigarro
& os violinos que oiço por esta hora tão breve
em que demoras & estás &  te deténs

as paredes
 só as paredes  do interior do  tempo sabem de nós –
diamante que em nossos olhos trazemos guardado
pelas linhas deste verso em que atravesso
esse
 ele
tempo
como o uivo dos séculos
ai as veias como queimam nesta tarde
& a chave deste mar ignoto  encerrado em mim
quem a tem?

tu

língua
nosso pedaço de céu
esse  horizonte em que te ergues & me ergo
ao suplicio do amor

ah                   sigiloso sentir
sangue dentro do  sangue
minha gota de impulso que corre secretamente para ti

mas esse é o gume que me volteia de fogo
ai espada desta telúrica matéria
frágil matéria / matéria mater .
 firmamento do ser
em somos
só eu
só tu
sangue dentro do sangue


                                                             Maria Andersen

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