uma estátua mordida
pelo esquecimento
já escrevi palavras inúteis
para falar de amor
na noite onde os pássaros
ferem a quietude
ah fugacidade das horas
onde soluçam os ecos das palavras
manancial
o sangue
submetido ao tempo de uma chama
submetido ao tempo de uma chama
& as vozes lava inocente …
mas nunca o sol foi mais intenso
nem o mar esteve tão perto
& eu
pelo fundo vento do teu sopro
a romper paredes gastas
a rasgar pedaços velhos da história
a fixar a densidade da madrugada
sepultura da noite em que cerramos os punhos
a decapitar pedras
& o tempo um pacto de água & fogo
& o teu olhar em que me desconcertas
caminho em que te invoco
arca da aliança o ébrio alfabeto dos lábios
onde se ergue curva a curva o horizonte
“no princípio era o caos.
depois Gea, a terra de amplo seio
e quantos imortais habitam
o nevado cume do Olimpo”
bigorna da alma entrelaçada ao voo
tâmara do amor as nossas bocas
& no coração recolhem- se todas as estações
saga das tuas mãos na minha pele
palácio da minha língua a tua boca
& nossas águas talhadas pelo sol
alma ave insondável que atravessa o tempo
no fogo branco desta exacta página
Maria Andersen
Maria Andersen
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