Sobre a coluna mais alta escutar a tua voz
Canto das aves no seu voo
boca do desejo - fome
palavras em que te deitas - vive
exercício inicial do poema em que pernoitas
música abandonada ao silêncio do coro
por esse vale lentíssimo de te pensar –
tu
que tacteias em mim os espaços mais secretos
o deserto que cultivo - saudade
de mim-em-ti repartida
nesse romper das horas em que a tinta nos afoga
poro a poro os sentidos
ah lentidão da mão onde o mar sobe
nesse iridescente sentir da magnólia
sabor e nervo que a boca inteira procura
lugar despovoado …onde o regresso demora
dos gest-(os)-teus
vestido da tua boca com que vestes a minha pele
veias que são livro sismo dos sentidos
vulcão debruçado e ardente na ponta dos dedos
cabeça ao redor de nós
nessa terra em que somos vagarosamente
palavras licor a subir pela noite
como face de Monalisa
paixão de Hölderlin & Goethe
paixão de Hölderlin & Goethe
& derrama-se assim a tua ausência
nessas marítimas paisagens onde as veias ardem
e teus olhos de quartzo
nas varandas dos meus olhos
ah “visita-me
enquanto não envelheço
& toma estas palavras cheias de medo “
& toma estas palavras cheias de medo “
& derrama-te em mim como um vinho
na tua ausência maior na dor mais densa
ah lábios em que te chamo – ouro
em que te faço árvore & rio
que corre no leito de mim
que corre no leito de mim
para a foz de nós
lugar despovoado onde o regresso demora... demora...
ResponderEliminarlugar habitado da saudade dos dias,
no correr lento e espesso da unidade do tempo.
crescem pelos cantos as flores do medo,
medo de passar o tempo pelo corpo mais veloz que o gotejar do tempo de te ter por mim inteiro...
medo que amarga o doce do desejo.
“Pudera-quisesse”
ResponderEliminarah “visita-me
enquanto não envelheço
& toma estas palavras cheias de medo “
& derrama-te em mim como um vinho
na tua ausência maior na dor mais densa
ah lábios em que te chamo – ouro
em que te faço árvore & rio
que corre no leito de mim
para a foz de nós
imagem... gravura... vc Maria...“Pudera-quisesse”