Pelo azul do dia os teus olhos
arca de luz que se agita
lavraste ( com humano arado)
a fascinante geometria da vida
instrumento com que se rasga outro caminho:
corpo da criação que sangra - almo poeta
a sofrer o gume da vida
na exortação da palavra
poeta /sol que arde e não se extingue
& pelo enigma da vida
olhas a pomba de cal:
que
quebra entre os ventos
tens dezenas de asas na voz
& o mundo alio nos olhos -
(ó fuga em que me persigo)
menino poeta
que morres de tanta luz - à mingua doutro sol
sonho selado como a noite da sepultura
- aqui não brota puro
o amor sem a moeda –
moeda corroída que se multiplica
imagens de mil espelhos quebrados
dor de quem assim sente o deslumbrante fogo de ser
clareira essencial dos dias
tempo –
lugar em que te elevo
ao alto pedestal do coração.
Maria Andersen (in pelo Coração das coisas /2010)
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