É nos teus olhos que se desatam os ventos
fragrâncias que a noite estende para o dia
quando cresce desvairado o olhar
nesse insólito ninho
onde nasce a minha sede de beber-te
espaço pressentido dos teus dedos
grinalda sossego onde se fundem as almas
art-(i)-manha das horas neste dilúvio de letras
pólen dos séculos em que me propago
ar em que me sentes aí inteira
pálpebras abertas pela noite - insónia
dos meus olhos flor rainha onde se esculpe m
as formas que ondulam onde as palavras queimam
nas tuas mãos coroadas de êxtase
clássicas parábolas urdindo leis pelo tempo
em que defraudo o coração
na língua – gem remota dos poetas
táctil ternura tua presença
silabada agora no alfabeto do poema
luz milenar dos sóis dentro do olhar
onde tu cais inteiro e súbito
na pele em que atravessa toda a memória
por esse eixo do silêncio que nos escuta
bocas de tantas vidas nos mesmos rostos
éden de nossas bocas meu leme
“ a paisagem como um verso do saltério
de ardor & eternidade”
pianos tocando as fundas melodias
triunfo dos corpos nessa dança
cúpula de sóis neste desvelo da noite
recinto do peito onde nascemos
nesse lógos pulsar do prodígio
boca cosmos arrebatada abrindo-se à imensidão
e aves a nascer em nós fusão dos mundos
nesta outra infância
da vida inteira que se ergue geográfica ao encontro do dia
Desenho(a carvão) e poema da autoria de Maria Andersen
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