Ah noite longa do olhar em que te bebo
que posso fazer senão beber-te os olhos nas linhas curvas das letras
manhã & noite & o pretexto original de amar-te
abraçada a cada ângulo da tua boca
& tu cada vez mais brisa mais poema mais alvorada
Delicias …em que floresces
Lábios lentos no tambor do teu peito
Consolo de tantas horas onde as tuas mãos hesitam
Violino em que as palavras se orvalham
Nessa prece do inverno que te volteia
Curiosidade dos dias intermináveis
& cardumes em nossas línguas
nessa dança arrebatada dos teus braços invisíveis
como um leme ao redor de mim
& que vorazes os pensamentos
portas abertas –
para os moinhos das tuas mãos oceânicas
poema em que gemo
a desesperada ânsia dos deuses nesta hora
na vaga da vida Ariadne
a que me entrego
teus olhos em que o amor balbucia o colírio dos meus olhos
ai esta estranha dança em que te quero
baloiço do teu peito em que sorrio
Ave a cantar impregnada de música
& as sílabas deste poema – viagem
batalha do eterno olhar
na lanterna da tua voz
Fotografia e Poema da autoria de Maria Andersen
Sem comentários:
Enviar um comentário